
Trajetória da agricultura no Rio Grande do Sul
O estado gaúcho conta com aproximadamente 3,3% do território brasileiro e possui uma superfície de 281.748,5 km². Desde os primeiros registros das culturas de extrativismo, subsistência, de sustentabilidade, entre outras modalidades, o Rio Grande do Sul viveu diferentes momentos da agricultura.
Segundo pesquisas, a história revela a existência de duas grandes linhas de evolução desse espaço agrário: a primeira em áreas cobertas por uma vegetação de campos. A segunda, nas regiões originalmente cobertas por florestas. Ambas de forma simultânea conforme acompanharemos abaixo.
Na linha de campos naturais os registros começam por volta de 1600 com o sistema agrário indígena baseado na caça, pesca e extrativismo. Avança até 1700, com o Sistema Agrário Vacaria Del Mar, baseado na escravidão indígena e caça de bovinos selvagens. Desta data até 1800, ocorre o Sistema Agrário Sesmarias, com a criação de animais extensiva, “tropeirismo” de mulas e bovinos, além da concessão de grandes áreas. De 1800 até 1905 registra-se a presença do Sistema Agrário Estâncias, onde ocorre a criação bovinos e ovinos de forma extensiva, se produz carne seca e salgada, conhecida como “charque” e lã. Há ainda, a presença de grandes proprietários, escravos e homens livres. A partir de 1905 até a década de de 70 vê-se o Sistema Agrário Contemporâneo, marcado pela criação de bovinos e ovinos de forma extensiva e melhorada, abate por meio de frigoríficos e plantio de arroz irrigado (direto e arrendamento). E por fim o Sistema Agrário Contemporâneo Atual, de 1960 até os dias de hoje, em que ocorre a revolução verde, num sistema patronal e empresarial, criação bovinos extensiva melhorada, grandes lavouras, reflorestamento, sistema familiar, autoconsumo, pluriatividade, criação extensiva bovinos e ovinos, além da presença de reforma agrária.
Já na linha de florestas, a evolução foi mais simplificada. A partir de 1600 vê-se o Sistema Agrário Indígena e Caboclo com a ocorrência de queimadas, autoconsumo e extrativismo de erva mate. De 1820 a 1900, o Sistema Agrário Colonial com a presença de imigrantes alemães (1824) e italianos (1875). O cultivo era baseado em queimadas, tração animal leve, policultura, trabalho familiar, autoconsumo e baixos excedentes. Na sequência até a década de 70 o Sistema Agrário Colonial Contemporâneo acontece com a presença de tração animal leve, policultura, sistema familiar, autoconsumo, alguns produtos comerciais e a ocorrência de êxodo rural. Por último, temos o Sistema Agrário Contemporâneo Atual, com características parecidas vistas na linha de campos naturais: revolução rerde, sistema familiar, policultura e integração da agroindústria. No sistema patronal, presença de especialização e grandes lavouras.
Atualmente segundo informações da Fundação de Economia e Estatística do Governo do Estado, “o Estado ocupa posição estratégica para a oferta nacional de diversos produtos agrícolas (arroz, trigo, aveia) e está entre os principais exportadores de fumo, soja e arroz. A agricultura está presente em praticamente todas as regiões do território gaúcho, com concentrações regionais”. As lavouras temporárias ocupam mais de nove milhões de hectares em solo gaúcho. Cerca de 90% dessa área é voltada à produção de grãos (cereais e oleaginosas), que configuram a principal atividade agrícola do Estado. A produção de soja foi a que mais avançou no Estado nos últimos 15 anos, incentivada pelo crescimento da demanda externa e pela alta nos preços recebidos pelos agricultores. Na pecuária de leite e de corte, “dos 20,3 milhões de hectares de área ocupados pelos 440 mil estabelecimentos agropecuários do RS, aproximadamente 46% são constituídos de pastagens. As pastagens naturais, ocupam aproximadamente 8,3 milhões de hectares (89,4% do total) e representam o principal ativo a partir do qual a bovinocultura de corte gaúcha se desenvolveu”.
Fontes:
https://www.fee.rs.gov.br/sinteseilustrada/caracteristicas-da-agropecuaria-do-rs/